ALEGRIA EM JESUS

                                                       (Filipenses capítulo 1)

 

 

 

           A carta de Paulo à igreja em Filipos diz mais sobre o gozo do que qualquer outro livro do Novo Testamento. Ainda que Paulo esteja sob prisão e acorrentado, regozija-se pelo evangelho de Jesus. Ele escreve para agradecer aos cristãos filipenses pela ajuda que lhe deram e para animá-los a enfrentarem as suas próprias provas com “Alegria em Jesus”.

            Paulo segue o costume do primeiro século, dizendo primeiro quem era e a quem estava a escrever: “Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos com os bispos e diáconos” (v.1:1).

            Em algumas cartas, Paulo apresenta-se como apóstolo, porém posto que os filipenses já aceitavam a sua autoridade, aqui apresenta-se simplesmente como um servo de Cristo Jesus. Ele vê as suas correntes, a sua missão e a sua vida inteira no contexto de fazer a obra de Cristo. Ele escreve: “aos santos”, àqueles que estão apartados para Deus.

             As cartas gregas do primeiro século, muitas vezes iniciavam-se com a palavra charein, que significa “saudações”, mas Paulo muda isso para charis, que significa “graças”. A graça é parte da sua identidade e como tal começa a escrever com uma oração para “Que Deus nosso Pai e o Senhor Jesus Cristo vos concedam graça e paz” (v.2). A seguir louva os filipenses, não directamente, mas agradecendo a Deus por eles (v.3). Não só está dando crédito a quem é devido como também recorda e anima os filipenses de que Deus está a trabalhar nas suas vidas.

            “Em todas as minhas orações por todos vós, sempre oro com alegria, porque têm participado no evangelho desde o primeiro dia até agora…” (v.4-5). Os filipenses apoiaram a obra missionária de Paulo e enviaram-lhe ajuda (4:15). Paulo alegra-se por estas pessoas terem tanto zelo no evangelho e esta carta mostra-lhes a sua gratidão porque Deus os está usando desta forma.

              A alegria de Paulo tem as suas raízes na fidelidade de Deus: “Tenho por certo que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” (v.6). Já que os filipenses tinham começado tão bem, Paulo tem confiança em que perseverem na fé, não pelas suas próprias forças, mas sim porque Deus continuará a trabalhar neles. “Todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha defesa e confirmação do evangelho” (v.7).

              “Deus é testemunha das saudades que de todos vós tenho, com entranhável amor de Jesus Cristo” (v.8). Os filipenses estão preocupados por Paulo, todavia aqui, ele que está preso, expressa compaixão por eles, porque eles tinham as suas próprias provações.

                Então Paulo disse-lhes porque orava por eles: “Isto é o que peço em oração: que o vosso amor cresça mais e mais em conhecimento e em bom juízo, para que sejais sinceros e sem escândalo algum até ao dia de Cristo, cheios de frutos de justiça que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus” (v.9-11).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                Os filipenses já tinham amor, porém Paulo quer que o seu amor cresça em sabedoria e bom comportamento, e esta carta vai ajudá-los muito nesse sentido. Ao crescerem em conhecimento terão um melhor fundamento para tomarem decisões e o seu comportamento não sairá da sua própria justiça, mas sim de Jesus que trabalha com eles. O louvor será para Deus, porque Ele é a fonte de justiça.

                 Paulo tinha razão para estar confiante, porque a sua confiança estava em Cristo. “Porque sei que disto me resultará a salvação pelas vossas orações e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo” (v.19). Paulo sabe que será libertado, mas entretanto, o evangelho está a chegar a pessoas más. Por isso está feliz.

                  Paulo não sabe se será libertado vivo ou morto, mas sem se importar com isso, ele está seguro de que Cristo lhe dará forças para ser fiel. “O meu grande desejo e esperança é que não sinta vergonha, mas que agora, tal como tem sido sempre, eu tenha coragem para mostrar a grandeza de Cristo em mim próprio, seja pela vida seja pela morte”(v.20). Se Paulo sair vivo, louvará Cristo, se morrer pela sua fé, isto será um testemunho para Cristo. “De facto, para mim, viver é Cristo e morrer é lucro”(v.21).

                  A morte pode ser “lucro” para Paulo porque ele sabe que terá mais depois da morte do que tinha em vida. Confia no seu Salvador para a vida eterna, e é assim que usa a sua vida mortal para servir o seu Salvador. Se morrer terá assegurada uma recompensa. Se viver, pode pregar o evangelho, porque a sua vida está em Cristo e Cristo é a sua prioridade e ambas as possibilidades são boas. Por isso alegra-se !

                 “Mas, se o continuar a viver é útil para o meu trabalho, então não sei o que hei-de escolher. Entre as duas coisas não sei qual escolher: por um lado, desejo partir para estar com Cristo, o que seria incomparavelmente melhor; mas, por outro lado, continuar a viver é mais útil para vós”(v.22-23).

                   Se fosse por ele, Paulo preferia morrer, escapar dos seus problemas e desfrutar a vida com Cristo. Porém, tem a missão de pregar e ensinar e está convencido que todavia ainda não terminou. “Como tenho a certeza disso, sei que vou ficar convosco para vos ajudar a todos a progredirem na alegria da fé. Assim, quando eu vos for visitar outra vez, sentirão por minha causa motivo de maior satisfação em Cristo Jesus”(v.25-26). O seu trabalho entre os santos é ajudá-los a experimentar alegria na sua fé. A sua libertação da prisão e o seu ministério entre eles, ajudará os filipenses a focar-se em Cristo como sua fonte de alegria.

                    Paulo então passa a descrever os problemas que os próprios filipenses estão a enfrentar. Talvez por isso é que mencionou a possibilidade da sua morte, porque ele coloca o exemplo da morte como lucro, por isso anima-os a ver tudo pela visão de Cristo. Quer seja na vida ou na morte o seu objectivo devia ser exaltar Cristo, dando-lhe glória e demonstrar que merece a sua confiança.

                   “Quer eu vá ter convosco, e vos veja, quer esteja ausente e receba notícias, o que desejo é que permaneçam firmes e unidos, lutando todos juntos pela fé da Boa Nova”(v.27). Parece estar a dizer, imitem-me ! Enfrentem as vossas provas tal como eu estou enfrentando as minhas, alegrando-me em Cristo e apoiando-me na fé.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                     Permaneçam firmes, disse Paulo: “Não tenham medo dos inimigos. Isso será para eles sinal de perdição e para vós sinal de salvação, porque tudo isto vem de Deus”(v.28).

                     Se os cristãos filipenses guardam a sua fé, ainda que estejam ameaçados de morte, dão uma prova evidente de que estão convencidos de uma vida gloriosa com Cristo depois da morte. Isto louvará Cristo e pode convencer alguns de que necessitam da salvação em que acreditam tão fortemente estes santos. Logo a seguir Paulo escreve sobre um prémio surpresa:

                    “Pois a vós Deus concedeu-vos o privilégio não só de acreditarem em Cristo, mas também de sofrerem por Ele, porque agora tomam parte no combate comigo, no mesmo combate que me viram sustentar e que ainda continua, como sabem”(v.30).

                      Sim, eles devem ver o seus sofrimentos como um prémio, como parte da sua fé num Salvador crucificado. Assim como os filipenses compartilham a graça com Paulo (v.7), também devem compartilhar as suas perseguições. Todavia devem alegrar-se, porque os sofrimentos são parte de estarem unidos com Jesus na sua viagem para a glória, e estes sofrimentos exaltam Cristo, mostrando-lhes que valem mais que todas as comodidades terrenas e valem mais do que a própria vida. Quer vivam ou morram, têm motivo para alegrar-se, porque têm Cristo convosco !

 

 

Original: Michael Morrison, 2002-04, “Alegria en Jesús”

Tradução: Manuel Morais, 2007-04-25